AS VIAGENS DE MARCO POLO, 700 ANOS DEPOIS

O viajante veneziano Marco Polo dizia ter o “dom dos negócios, mas não da pena”.

Talvez por esse motivo tenha terceirizado a escrita de seu livro As Viagens, cujas histórias foram ditadas a Rustichello de Pisa, um romancista que Marco Polo conheceu na prisão, após batalha naval entre genoveses e venezianos.

Haja história. E haja imaginação.

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Entre 1271 e 1295, Marco Polo viajou com o pai Niccolò e o tio Matteo, passando por diversas cidades sob comando do Grande Khan, na Rota da Seda, antigo caminho comercial entre a Europa e o Extremo Oriente.

E, desde que seu livro virou best-seller, o viajante é só títulos.

Seu As Viagens, escrito pelo ghost writer de Pisa, é considerado uma das mais importantes obras da literatura de viagens, quiçá da Idade Média, e inspiraria ninguém menos que Cristóvão Colombo, antes de sua chegada à América.

O veneziano viajante ficou conhecido também como o único mercador europeu da época a registrar impressões do Oriente, e o trio teria sido os primeiros europeus a pisarem em Pequim, na China.

“Tive milhões e milhões de aventuras. O que eu contei a vocês não é nem a metade do que vi.”

MARCO POLO

Porém, os números descritos na obra, como o palácio de mil aposentos e 160 mil chaminés, garantiram o subtítulo Il Milione (“O Milhão”), por conta dos exagerados relatos que, até hoje, nos fazem perguntar se foram realmente descritos pelo autor ou teriam sido “melhorias” de Rustichello.

Em Quinsai, atual Hangzhou, por exemplo, Marco Polo descreveu uma cidade com 12 mil pontes de pedras e três mil banhos públicos.

Sem falar nas histórias de leopardos amestrados, na cobra de dez palmos de espessura e no unicórnio que viu, na fronteira indiana (que seria, na verdade, um rinoceronte, animal ainda desconhecido na Europa).

O “milhão” inclui também leão que se curva aos pés de Kublai Khan, cujo palácio de verão era desmontado e guardado quando esse neto de Gengis Khan ia embora.

Marco Polo morreu no dia 8 de janeiro de 1324, mas seus relatos continuam soando fantasiosos. E o leitor de hoje pouco se importa com isso, ele só quer viajar.

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