DIA DA MULHER: CONHEçA MULHERES VIAJANTES INSPIRADORAS

Mesmo quando o mundo feminino estava restrito à corte, costura e panelinhas, muitas mulheres viajantes rodaram o mundo em busca de títulos, recordes ou , simplesmente, para provarem que o lugar delas é… onde elas quiserem.

Elas viajaram, sim, mas não sem antes ter que ouvir os velhos comentários machistas sobre mulheres sozinhas em viagens por aí.

Quando Nellie Bly sugeriu dar uma volta ao mundo, tal qual Phileas Fogg em ‘Volta ao Mundo em 80 dias’, de Júlio Verne, essa pioneira do jornalismo investigativo teve que ouvir que para fazer aquela viagem era preciso ser homem e ter um acompanhante que carregasse tanta bagagem.

SAIBA MAIS: “O que Nellie Bly tem a ensinar às mulheres que viajam sozinhas”

– “Muito bem. Mande seu homem e eu vou começar no mesmo dia por outro jornal, e vou vencê-lo”, respondeu com raiva.

Bly não só venceu, abraçando o mundo em 72 dias, como também conseguiu viajar pelo mesmo jornal ao qual tinha feito a sugestão de pauta.

Para celebrar este 8 de março, que aliás aqui no Viagem em Pauta todo dia é dia das mulheres, selecionamos histórias de viajantes de diferentes épocas que podem inspirar você a viajar com uma garota.

Cinco mulheres viajantes inspiradoras

Nellie Bly

1889

Entre novembro de 1889 e janeiro do ano seguinte, a repórter Nellie Bly correu contra o relógio para dar a volta ao mundo, em menos tempo que o personagem fictício Phileas Fogg em ‘Volta ao Mundo em 80 dias’, de Júlio Verne.

Tomou vapores, trilhou ferrovias e subiu em riquixás para provar que a estrada também é lugar de mulheres (e com bem menos bagagem do que os clichês machistas costumam pintar meninas viajantes).

Para saber mais, a dica é o delicioso ‘Volta ao Mundo em 72 Dias’, livro publicado no Brasil pela editora Ímã.

SAIBA MAIS: “Nellie Bly: a lunática que deu a volta ao mundo”

Thereza de Marzo

1922

Sem apoio da família e com um pai que acreditava que “lugar de mulher era dentro do lar”, essa paulistana é considerada a primeira brasileira a receber o diploma de piloto-aviador internacional, cujo brevê foi tirado após um voo solo, em 7 de março de 1922.

Porém, ao se casar com o instrutor Fritz Roesler, quatro anos mais tarde, Thereza foi proibida de continuar voando, sob a alegação que já bastava um aviador na família. Com 329 horas e 54 minutos de voo em caderneta, a pioneira dos ares brasileiros encerrava a carreira quatro anos depois de iniciada.

Em solo, Thereza continuou trabalhando com o marido na aviação, em projetos como a criação da Escola de Pilotagem e do Clube de Planadores, no Campo de Marte (SP), onde o engenheiro Roesler fabricou os primeiros planadores EAY-101 e os aviões “Paulistinha” EAY-201.

SAIBA MAIS: “Machismo marcou a curta carreira da 1ª aviadora brasileira”

Agatha Christie

1929

Autora de 66 romances policiais e 14 coleções de contos, essa escritora britânica viajou desde cedo, sobretudo na infância e na adolescência, passando pela França e pelo Egito.

Uma de suas mais longas viagens foi a volta ao mundo com seu primeiro marido, Archibald Christie, entre janeiro e dezembro de 1922.

Após conhecer, num jantar em 1928, um jovem casal que acabara de voltar de Bagdá, no Iraque, Agatha reservou um bilhete no luxuoso trem Expresso do Oriente, contrariando a ideia de que mulher solteira não deveria viajar sozinha.

Ela e a literatura nunca mais seriam as mesmas.

Foi numa dessas viagens de trem que a escritora criou uma de suas obras mais famosas.

Em 1929, seu trem proveniente de Istambul foi pego de surpresa por uma forte tempestade e ficou retido por seis dias em Tcherkesskeuy, atual Çerkezköy, na Turquia, tempo suficiente para a ‘Dama do Crime’ criar tramas de mistério protagonizado pelo detetive Hercule Poirot.

Não só sobraram ideias na mente da escritora, que sempre viajava com sua máquina de escrever, como também casos bizarros de passageiros, como a do marajá que teria comprado casacos de outros viajantes a um preço superfaturado para cobrir suas sete esposas, durante a congelante parada do trem.

Na lua de mel com seu segundo cônjuge, Max Mallowan, em 1930, a escritora esteve em destinos como Veneza, Iugoslávia e Grécia.

LEIA MAIS: “Tempestade foi inspiração para clássico de mistério de Agatha Christie”

Amelia Earhart

1932

Se hoje já não é raro ver mulheres no comando de um avião, em 1932, essa estadunidense do Kansas quebraria todas as perspectivas (e preconceitos) na aviação.

Aos 34 anos, Amelia atraiu a atenção do mundo com seu voo solo de quase 15 horas de duração, sem escalas, a bordo de um monoplano Lockheed Vega 5B, entre Terra Nova, no Canadá, e a Irlanda do Norte, na Europa.

Com a viagem, a aviadora se tornaria também a segunda pessoa a realizar esse tipo de travessia, cujo pioneiro foi Charles Lindbergh, cinco anos antes.

Seu currículo empoderado inclui também curso de mecânica de carros e títulos como o de primeira mulher a pilotar um autogiro (aeronave precursora do helicóptero) e realizar o pioneiro voo solo entre o Havaí e a Califórnia, em 1935.

Tamara Klink

Essa paulistana de quase 27 anos é protagonista de experiências capazes de deixar qualquer marmanjo para trás.

Tamara bem que poderia ter escolhido um emprego de segunda a sexta, daqueles explicáveis “em uma palavra só”, mas preferiu navegar em solitário, singrando fiordes, pegando tempestades e navegando sob noites que chegam mais cedo no norte do planeta.

“Me acostumo à ideia de acreditar em mim”

Tamara Klink

Em 2020, fez sua primeira travessia em solitário com o veleiro Sardinha, comprado sem que a família soubesse, cruzando o Mar do Norte, entre a Noruega e a França.

Tamara, que estudou arquitetura naval na França, escreve em seus livros sobre viajar sozinha com o mar como única companhia. E, quando o faz, se transforma em outras. É velejadora, mecânica, eletricista, skipper e escritora das próprias loucuras.

SAIBA MAIS: “As viagens de Tamara Klink, a menina que cresceu e partiu”

2024-03-08T11:29:07Z dg43tfdfdgfd