VIAJEI POR 15 DIAS PELA ITáLIA COM MINHA SOGRA. E ADOREI

Conhecer alguns dos destinos mais exuberantes da Itália, como Veneza, Roma e Toscana, é o sonho de muita gente. Era, também, o de minha sogra. E foi por isso que preparei um roteiro de 15 dias no país com a ilustre presença da Dona Maria Luisa, além de meu sogro e minha esposa.

O trajeto teve início em Veneza, que serviu de base para explorar as Dolomitas e outras cidades do Vêneto, como Pádua e Verona. Florença, por sua vez, foi o ponto de apoio para chegar a San Gimignano, Siena, Montalcino e Montepulciano. E ainda sobrou tempo para curtir a bela Assis e a capital italiana, Roma.

Ao todo, foram mais de 15 cidades visitadas em duas semanas e uma coleção de dicas para quem deseja passear muito, desfrutar das principais atrações, comer bem, beber ainda melhor e se divertir na região mais turística da Itália. Mesmo que viaje com a sogra, pode acreditar.

Roteiro de 15 dias pela Itália

Veneza

O início do roteiro se deu em Veneza e, de cara, surgiu o primeiro desafio, uma vez que hospedar-se na Sereníssima, como ela também é conhecida, costuma sair mais caro do que nas pequenas cidades dos arredores. De quebra, dependendo do hotel escolhido, você terá de arrastar as malas por bons metros, uma vez que carros são proibidos de circular no Centro Histórico.

Por outro lado, acordar em Veneza e passar a noite por lá depois que a maior parte dos turistas vai embora é algo essencial para aproveitar o destino. Mesmo que, para viver essa experiência, você tenha de carregar não apenas sua bagagem, mas também a da sogra.

Ocorre que, antes das 10h e depois das 20h, quando há menos gente nas ruas (e nos canais), é uma delícia passear com calma pelos pontos turísticos mais belos da cidade. E olha que são muitos, como a Ponte Rialto, a Piazza San Marco, o Palazzo Ducale, a Ponte dos Suspiros e o Grande Canal.

Como Dona Maria Luisa queria muito ver uma missa na Itália (acabou vendo umas 83, pois entrou em todas as igrejas que passou em frente), fui com ela à Basílica di San Marco assim que anoiteceu. No fim das contas, foi uma sacada e tanto. Isso porque não é sempre que a igreja principal de Veneza está aberta para turistas. No horário da missa, entretanto, todos podem entrar. É preciso apenas participar da celebração. Ponto para a sogra.

Para quem vai à Sereníssima pela primeira vez, também vale reservar 30 minutos para passear de gôndola. O valor é tabelado (90 euros durante o dia e 110 euros depois das 19h) e único para até seis pessoas no mesmo barco, sempre conduzido pelos indeléveis gondoleiros com camisas listradas em preto e branco e lenços vermelhos. Vale ressaltar que eles não cantam "O Sole Mio" ou qualquer outra canção, a não ser que você combine antes e pague mais.

Durante o passeio, fica fácil compreender melhor o quanto Veneza é diferente de qualquer outro lugar do mundo. A atmosfera é contagiante e quase todo mundo faz o tour de gôndola em casal, abraçadinho. Tem cenário mais romântico? Até tem, desde que sua sogra não esteja junto. Mas pelo menos ela dividiu o valor.

Perca-se para achar

No restante do tempo, não há dica melhor do que experimentar a sensação de "se perder" pelas ruas e pelos canais de Veneza. Deixe o Google Maps um pouco de lado e fuja das vias principais, sempre lotadas. Prefira andar sem rumo, atravessando pontes e apreciando o cenário, que é maravilhoso.

De repente, você poderá se ver em frente à Basílica di Santa Maria della Salute, à Basílica Santa Maria Gloriosa dei Frari, a diversas praças, às lojas de grife da Calle Vallaresso... Caso esteja com a sogra e ela também seja conhecida como "pergunta lá", é provável que ela questione algo, mas não se preocupe. Apenas relaxe e aproveite. Ela também curtirá.

Não tive tempo desta vez, mas se ficar no mínimo dois dias em Veneza, vai aí mais uma dica: contrate um passeio de vaporetto (espécie de ônibus aquático) rumo às vizinhas Murano e Burano. Ambas são famosas pelos edificações coloridas e, sobretudo, pelos trabalhos com vidros e cristais.

Dolomitas

Se no Centro Histórico de Veneza não entra carro, contar com um automóvel para explorar os arredores e outras províncias da Itália, como a Toscana, é essencial. Sai mais barato do que viajar de trem ou avião e você tem a liberdade de parar onde quiser, quando quiser.

Assim, no segundo dia do roteiro, aluguei um carro e rodei por cerca de 2h30min até San Candido, já na fronteira com a Áustria, rumo ao Tirol. No meio do caminho estão as Dolomitas, uma das cadeias de montanhas mais espetaculares da Europa. Vale a pena programar paradas nos lagos da região, como o di Braies, um dos mais fotogênicos, o di Santa Caterina, de um verde cintilante inacreditável, e o di Misurina, que espelha na água picos vertiginosos e salpicados de neve.

Este último fica perto de Cortina d'Ampezzo, a cidade mais famosa das Dolomitas, que foi sede das Olimpíadas de Inverno em 1956 e será, novamente, em 2026, junto a Milão. Não à toa, o local costuma receber celebridades ávidas por esquiar entre outubro e abril. Com um lindo centrinho, por onde se estende um calçadão no qual não entram carros, Cortina tem lojinhas, bons restaurantes e cervejarias.

Quem segue rumo ao norte logo alcança San Candido, que também é puro charme. É um bom lugar para esquiar ou, se não houver neve, descer a montanha de fun bob, espécie de trenó que desliza sobre trilhos, como se você estivesse em uma montanha-russa. Não é radical. Pode levar a sogra numa boa.

Vapt-vupt na Áustria

Dali até a fronteira com a Áustria, onde singelas placas informam a mudança de país, são apenas 15 minutos de carro. A paisagem é a mesma de San Candido, mas Dona Maria Luisa queria de todo jeito pisar no Tirol, a terra de seu avô. E assim foi cumprido seu desejo, a despeito de ter doído no meu bolso.

Tive que gastar 10 euros para comprar um selinho e colar no para-brisa do carro, uma exigência da Áustria na hora que você cruza a fronteira. Isso tudo por conta de 15 minutos “do lado de lá”. Mas, sabe como é: sogra feliz é sinônimo de tranquilidade. Ao menos por alguns minutos.

Para não deixar barato, dei o troco no mesmo dia. No retorno a Veneza, fiz um pequeno desvio rumo a San Stino de Livenza, cidadezinha do Vêneto onde, em 1885, nasceu meu bisavô, Giuseppe Basso. Confesso que não há muito o que fazer por lá, mas a pracinha central é simpática. Além disso, convenci Dona Maria Luisa a me pagar aquele que seria um dos melhores gelatos (sorvetes) de todo o roteiro, vendido em uma pequena sorveteria chamada Fresco Gelato. O de pistache é tão bom que vale a viagem. Mio bisnonno que o diga.

Pádua e Verona

No dia seguinte, era hora de seguir de Veneza para Florença, aproveitando o fato de estar de carro para visitar algumas cidades do Vêneto. A primeira parada se deu em Pádua, que tem como destaque a Basílica de Santo Antônio, onde estão o túmulo e algumas relíquias do santo, como a língua incorrupta e parte da queixada. Dali, basta caminhar por cerca de 10 minutos para alcançar a Piazza Prato della Valle, espécie de parque com lago que é mais um dos cartões-postais da região.

A pouco mais de uma hora de carro da cidade de Santo Antônio está Verona, que já implica em um desvio maior, porém muito recomendado da rota Veneza-Florença. Entre as principais atrações locais está a Piazza Bra, palco da Arena di Verona, um dos anfiteatros romanos mais conservados do mundo.

Com uma bela fonte e uma torre que ostenta um relógio, a Piazza delle Erbe também chama atenção. O lugar vive cheio de turistas por ficar próximo à Casa di Giulietta, inspirada na tragédia de Romeu e Julieta, escrita por William Shakespeare e que se passa em Verona.

Não há indícios de que o casal tenha existido de verdade, mas a residência atrelada à história, certamente fictícia, conquistou os visitantes, que costumam ir até lá para apalpar o seio direito da estátua de bronze da personagem. Diz a lenda que traz sorte.

Se é verdade, não sei, mas o fato é que saí de lá e fui parar diretamente no Ristorante Torcolo, eleito pela minha sogra como o melhor de toda a viagem. E olha que a Dona Maria Luisa cozinha bem e é exigente, viu. Ela queria muito provar um macarrão com tartufo e repetiu isso por semanas a fio. Contei isso para o garçom e ele caprichou tanto na iguaria que, praticamente, a cobriu por trás do prato. E, de fato, estava sensacional.

Florença

Enfim, cheguei a Florença, capital da Toscana e uma das cidades que exercem maior influência cultural no mundo. Dois dias é o mínimo para explorar as principais atrações, sobretudo se você for a museus como o Uffizi e a Galleria dell'Accademia. O primeiro é um dos melhores do planeta, com muitas obras renascentistas, enquanto o segundo abriga o Davi de Michelangelo – e só isso já vale a visita. Mesmo que não seja tão ligado a artes, vá e veja de perto. É impactante.

Em meio às ruas medievais de Florença está também a Cattedrale di Santa Maria del Fiore, ou Duomo, marcada pela fachada com detalhes majoritariamente em verde e branco. O acesso é gratuito, mas é preciso comprar ingresso caso queira ir à cúpula, ao Campanário de Giotto ou ao vizinho Batistério de São João.

Outro local imperdível é a Piazza della Signoria, palco do Palazzo Vecchio, atual sede da prefeitura de Florença e que se destaca pelo aspecto de castelo, com uma única e longa torre. É em frente a ele que ficava o Davi original de Michelangelo, hoje exposto na Galleria dell'Accademia. Uma réplica é exibida em seu lugar.

Em volta da Piazza della Signoria há lojas de grife, o Palazzo Strozzi, o restaurante All'Antico Vinaio, que serve um dos panini mais famosos do mundo, a sensacional Gelateria La Carraia e a Ponte Vecchio, a mais original de Florença. Erguida sobre o Rio Arno, ela já foi ocupada por açougueiros e, hoje, abriga pequenas joalherias.

Uma vez na capital da Toscana, reserve também um fim de tarde para ir à Piazzale Michelangelo. É de lá que se tem a melhor vista do skyline de Florença, tido por muitos como o mais bonito do mundo.

Se não quiser ficar espremido, dispense os conselhos da sogra caso ela insista em ficar no platô superior da praça, onde se concentram mais pessoas. Chegue 30 minutos antes do pôr do sol e vá direto para a parte mais baixa, à esquerda. Ali, você terá um lindo panorama e mais sossego. Viu, Dona Maria Luisa!

San Gimignano

Com base fixada em Florença, comecei a explorar a Toscana, que é apinhada de cidadelas medievais, vinícolas e estradas cercadas por ciprestes e montanhas verdejantes. Basta uma hora de carro para chegar a San Gimignano, a mais conservada das cidades amuralhadas da província, com ruas e casas de pedra, torres e muros que se mantêm intactos há séculos.

Como o acesso de carros é proibido, o esquema é estacionar o mais próximo possível da entrada principal. A partir daí, basta cruzar um enorme portão para se ver em meio a ladeiras de pedra circundadas por cafés, restaurantes, empórios e um bocado de lojinhas. Minha sogra, por sinal, fez questão de entrar em todas elas atrás de um bonequinho do Pinóquio mais barato para o netinho, sendo que o preço era sempre o mesmo.

O ponto de convergência das ruazinhas é a Piazza della Cisterna, onde estão o Poço Medieval, o Palazzo Razzi, a Casa Salvestrini e as torres dei Becci, dei Cugnanesi e del Diavolo. Como se pode notar, o que não faltam são torres em San Gimignano. Há 14 ainda em pé (das 72 originais), que espetam o céu e emprestam ao local o apelido de Manhattan da Toscana.

A cidadezinha também é famosa pelas sorveterias, como a Gelateria Dondoli, que já ganhou duas vezes a Copa do Mundo do Sorvete e tem como destaque os gelatos de gorgonzola e açafrão. Parecem estranhos, mas são uma delícia. O duro é que sempre tem muita fila por lá, então talvez você tenha de recorrer à vizinha Gelateria Dell’Olmo, igualmente recomendada.

Depois, visite a Piazza del Duomo, a Collegiata di Santa Maria Assunta e, principalmente, a Rocca di Montestaffoli. É preciso encarar ruas um pouco íngremes para chegar lá, mas a caminhada é tranquila. De uma das torres locais, tem-se uma linda vista da região.

A melhor vista

Melhor que isso é só observar o skyline de San Gimignano cercado por parreirais a partir da Fattoria Poggio Alloro, que fica a 10 minutos de carro da entrada da cidade (está aí mais uma vantagem de ir dirigindo até lá). Ali, dá para almoçar, provar vinhos locais e até mesmo participar de degustações, desde que faça reservas com antecedência.

Vá nem que for para comprar um vinho e apreciar a vista. Você não se arrependerá. Só não faça como minha sogra e apanhe escondido uma romã da árvore que fica no estacionamento (brincadeira, ela pediu para a proprietária, que disse que ia fingir não ter visto o “furto”).

Siena

Siena forma um par perfeito com San Gimignano para um bate-volta desde Florença. Uma das principais atrações locais é o Duomo, catedral com diversos mosaicos no piso, muitos deles delimitados por cercas, para que se mantenham preservados. Não deixe de passar pela capela à esquerda da nave principal da igreja, onde há uma exposição de bíblias antigas enormes.

O segundo ponto turístico mais visitado por lá é a Piazza del Campo, onde fica o Palazzo Pubblico e a Torre del Mangia. Com formato oval, a praça é palco, em julho e agosto, do Palio, disputa de cavalos com representantes de 17 bairros locais. A festa é enorme e reúne uma multidão para ver a corrida dos cavaleiros com trajes típicos e bandeiras.

Aproveite o tempo em Siena para relaxar, fazer comprinhas e passar uma tarde agradável. Caso a fome aperte, um bom lugar para comer é a Antica Trattoria Papei, que fica na Piazza Mercato.

Montalcino e Montepulciano

No dia seguinte, fiz o check-out no hotel em Florença e segui para Montalcino, mais uma joia da Toscana. Deu tempo de parar rapidamente na bela Arezzo antes de passar por um trecho de estrada digno de paisagens de cinema. A cada curva cercada por ciprestes era possível avistar colinas verdejantes, parreiras e vilas de pedra, em meio a um cenário que se custa a acreditar que é real.

Uma vez em Montalcino, você dá de cara com a fortaleza homônima e o Centro Histórico, palco da Piazza del Popolo, da Torre dell’Orologio, do Palazzo dei Priori e da Cattedrale del Santissimo Salvatore (Duomo). De quebra, quem vai até lá tem a chance de experimentar ótimos vinhos, especialmente o Brunello di Montalcino, um dos mais nobres do planeta e exclusivo da região.

Como estava dirigindo, comprei uma garrafa e deixei para abri-la em Montepulciano, onde passaria a noite. Linda de morrer, a cidade amuralhada conserva diversas edificações medievais. Não deixe de assistir ao pôr do sol na Piazza Grande, cujas edificações nos arredores, como o Palazzo Comunale, ficam alaranjadas nos fins de tarde, criando um ambiente fantástico.

Vale dizer ainda que alguns restaurantes de Montepulciano têm amplas sacadas, de onde é possível observar paisagens inebriantes. Fiz questão de levar a Dona Maria Luisa a um deles, o Caffè Poliziano, que serve massas razoáveis e tem até uma seleção de grappa (além de bons vinhos, é claro). Naquela atmosfera de tirar o fôlego que só uma típica trattoria secular da Toscana tem, eis que a pego consultando no celular as ofertas de um mercadinho de bairro perto da casa dela, em São Bernardo do Campo (SP). Juro. Sogra é um achado, mesmo.

Assis

O pernoite em Montepulciano foi estratégico para a parada seguinte: Assis, na região da Úmbria. Ainda no caminho, a pedido de Dona Maria Luisa, parei no Convento Porciúncula, local em que São Francisco morreu. Ali, dá para ver uma capela, um cordão preservado que teria sido usado pelo santo e muitos presépios, uma vez que esse tipo de representação teria sido popularizado justamente por ele, como meio de catequização.

O convento só não atrai mais peregrinos que a Basílica de São Francisco, já dentro da cidade murada. O local abriga a cripta do santo e, na verdade, duas basílicas, uma na parte alta e outra na parte baixa da colina. Isso sem contar uma loja enorme. Minha sogra, inclusive, foi muito gentil e comprou uma imagem de São Francisco para me presentear. Logo depois, descobri que foi com meu cartão. Nem vou falar nada.

No dia seguinte, deu tempo de explorar a Basílica de Santa Clara, onde também há uma cripta, e outras igrejas ligadas à história de São Francisco. Também passei pela Piazza del Comune, palco do Templo de Minerva, e pela Basílica de Santa Maria Maggiore, onde é possível ver, em um túmulo de vidro, o corpo de Carlo Acutis, conhecido como o "Santo da Internet".

Trata-se de um jovem beato que, durante sua curta vida, desenvolveu um site dedicado a catalogar milagres eucarísticos. Tragicamente, Carlo morreu vítima de leucemia e faleceu aos 15 anos. Seu corpo, então, passou por técnicas de conservação e, hoje, muita gente vai até lá para vê-lo, curiosamente, vestido com calça jeans e moletom azul e calçando um par de tênis da Nike.

Roma

Adoro Roma, mas não indico dirigir por lá. O trânsito é complicado e há muitas zonas restritas a quem mora ou trabalha na região. Por isso, devolvi o carro assim que cheguei à cidade, vindo de Assis. A partir daí, optei por caminhar, andar de metrô e até mesmo de ônibus com a família. Foi ótimo.

De cara, agendei uma das visitas mais esperadas: o Coliseu. Escolhi um tour guiado que pula filas e permite pisar na arena propriamente dita (a maioria dos tíquetes dá direito a acessar apenas alguns dos anéis superiores). O combo inclui a entrada no Fórum Romano, centro político do antigo império, e também no morro do Palatino.

No mesmo dia, deu para ver as ruínas do Circo Máximo, maior arena do Império Romano, e as Termas de Caracalla, que muita gente deixa de visitar, mas Dona Maria Luisa fez questão de ir. Devo confessar que foi um passeio e tanto. Ali funcionavam banhos termais, sendo que alguns deles estão com parte do piso de mosaicos preservada. Adorei. E você aí falando mal da sogra, está vendo?

Ainda perto do Coliseu está a Igreja San Pietro in Vincoli, que abriga o maravilhoso Moisés de Michelangelo e correntes que supostamente serviram para aprisionar São Pedro. Outra atração nos arredores é o Monumento a Vítor Emanuel II, do qual se tem uma belíssima vista de Roma.

Mais da Cidade Eterna

Separei outro dia para caminhar pelo Centro Histórico, onde estão a Fontana di Trevi, o Pantheon, a Piazza Navona e o Campo de' Fiori. Isso sem contar a Igreja de Santo Inácio de Loyola, que está na moda graças ao teto instagramável. Muita gente faz fila no local para bater fotos em um espelho, que reflete o afresco de Andrea del Pozzo e revela detalhes belíssimos.

Já era fim de tarde quando alcancei, do outro lado do Rio Tibre, o boêmio bairro de Trastevere, repleto de bares e restaurantes – para mim, o melhor lugar para comer e passear à noite em Roma. O local abriga ainda a linda Basílica de Santa Maria em Trastevere.

Deixei para ir à Piazza del Popolo e à Piazza di Spagna no dia seguinte. Esta última, além de ostentar uma bela fonte e uma escadaria histórica, fica perto da Pompi, doceria que serve um tiramisù dos deuses. Passe por lá, pegue a típica sobremesa italiana e coma na praça, mesmo. Bom demais!

Minha sogra quis ainda ir à Escada Santa que, segundo a tradição católica, pertencia ao pretório de Pôncio Pilatos, em Jerusalém, e foi transportada para Roma porque Jesus teria subido seus degraus antes de ser julgado e crucificado. Hoje, é permitido galgá-la apenas de joelhos. A estrutura fica ao lado da Arquibasílica de São João de Latrão, tida como a primeira igreja do Ocidente e um dos principais destinos de peregrinação católica no mundo.

Vaticano

Uma vez em Roma, deve-se ver o papa, é claro. Ainda mais com a sogra. Fiz isso em uma quarta-feira pela manhã, quando costumeiramente ocorre a audiência papal, na Praça de São Pedro. Foi preciso pular cedo da cama, mas deu para sentar-se pertinho do altar e fazer boas fotos do Papa Francisco que, no início da celebração, passou com o papamóvel a poucos metros de onde estávamos. O evento durou cerca de uma hora.

Separei ainda outro dia para ir aos Museus do Vaticano e, como minha experiência anterior por lá não tinha sido tão boa (estava extremamente cheio), comprei, no site oficial, um ingresso que permitia a entrada uma hora e meia antes da abertura regular ao público. Paguei quase o triplo do acesso normal, mas o pacote, que nem sempre está disponível, incluía café da manhã e um passeio guiado (em inglês) pelas salas vazias, com a oportunidade de observar as obras com mais tranquilidade.

Teria valido a pena de qualquer forma, mas, no fim do tour, ainda dei uma sorte inesperada. Meu grupo foi o primeiro a ser convidado a entrar na Capela Sistina, a grande estrela do complexo. E o melhor de tudo é que, sem querer, eu estava à frente de todas as pessoas. Porém, cedi a honra à minha sogra. Segundo ela, sou muito bonzinho e vou para o céu. Isso eu não posso garantir, mas só o fato de ter passado a próxima meia hora admirando cada detalhe do local, sem gritaria, já me fez sentir-se abençoado.

Quem já esteve lá sabe que não é exagero. Com o acesso regular, a visita é igualmente inesquecível, sem dúvida, mas bem mais tensa. Os seguranças gritam “No photo, no photo” o tempo todo, uma galera insiste em clicar, enfim… É sempre incrível estar na Capela Sistina, mas garanto que é muito melhor visitá-la sem tumulto.

Sonho realizado

Em seguida, caminhei com minha sogra até a vizinha Basílica de São Pedro. Ali, foram mais 40 minutos de fila até que, enfim, Dona Maria Luisa realizou o sonho de sua vida. Assim que passou pelo portão principal da igreja do Vaticano, desabou e chorou de emoção, copiosamente. Comovido, esperei que ela se recuperasse e, sem pressa, visitamos juntos as capelas, a Pietà de Michelangelo, a cripta e os sarcófagos de diversos papas, além do baldaquino de bronze sobre o túmulo de São Pedro.

Quem quiser também pode ir à cúpula. Para isso, é preciso encarar um trecho de elevador e outro de escada (320 degraus) ou, ainda, seguir por todo o percurso de escada (551 degraus). Fiz o passeio em outra oportunidade e o caminho é puxado, estreito e cansativo. Se não tiver boas condições físicas, não arrisque, a despeito de as vistas lá de cima serem de arrepiar.

Horas depois, ao sair da basílica, propus ao grupo seguirmos para a Gelateria Hedera, que vende o sorvete preferido do Papa Francisco. Os sabores são ótimos e ela fica pertinho, mas demoramos quase uma hora para chegar, pois minha sogra parou em dezenas de lojas pega-turista para comprar terços para as amigas. A diferença nunca passava de 1 euro, mas ela fez questão de conferir uma por uma.

Por essas e outras, considerei que tinha pagado todos os meus pecados ao fim da viagem, mas como isso é brincadeira e ela que é uma santa de me aguentar, despedi-me de Dona Maria Luisa com a confidência mútua de que havíamos feito um dos roteiros mais emocionantes de nossas vidas. Por isso, pretendo voltar muito em breve à Itália. De preferência, com a companhia de minha sogra. Mas não conte isso para ela, hein!

Onde comer

Selecionei algumas sorveterias e os melhores restaurantes visitados durante o roteiro de 15 dias na Itália com minha sogra. Todos aprovados por ela, é claro. Confira:

Veneza

  • Trattoria ai Cugnai dal 1911 (Calle Nuova Sant'Agnese, 857) – Excelente para provar peixes frescos e massas com frutos do mar. É mais frequentada por locais, já que fica afastada de pontos turísticos. Tem preços mais acessíveis que outras casas com a mesma qualidade.
  • Osteria da Carla (Corte Contarina, 1535) – Aqui, você encontra um ambiente charmoso para provar pratos típicos venezianos.
  • Al Covo (Campiello de la Pescaria, 3968) – O chefe Anthony Bourdain frequentava este restaurante quando ia a Veneza. Tem ótimos pratos com frutos do mar. Os preços são salgados.
  • Osteria Al Squero (Dorsoduro, 943) – Aqui, você prova petiscos com pastas típicas venezianas, frutos do mar, queijos, embutidos e legumes. Peça um vinho e aproveite.
  • Suso Gelatoteca (Sotoportego de la Bissa, 5453) – Esta é uma das sorveterias mais famosas da cidade, embora não a melhor em que estive na Itália. Há sempre fila na porta.

Verona

  • Ristorante Torcolo (Via Carlo Cattaneo, 11) – Eleito pela minha sobra como o melhor restaurante de toda a viagem, tem ambiente chique e preços salgados, mas vale a pena. O macarrão com tartufo e o risoto de frutos do mar são excelentes.

Florença

  • All'Antico Vinaio (Via dei Neri, 65r) – Este lugar é famoso por servir o melhor panini do mundo. Servido em um pão quentinho e crocante, tem várias opções de recheios, com embutidos, queijos e cremes. Há opções veganas, também.
  • 'O Munaciello (Via Maffia, 31r) – Uma das melhores pizzas de estilo napolitano de Florença. Fica um pouco mais afastada do Centro Histórico, mas é frequentada (e indicada) por locais.
  • Obicà – (Via de' Tornabuoni, 16) – A muçarela é a estrela da casa. O queijo é servido em saladas, tábuas, pratos e muito mais. Delicioso.
  • Trattoria Zà Zà (Piazza del Mercato Centrale, 26r) – Talvez o restaurante mais famoso de Florença e, por isso mesmo, é caro e vive lotado. Mas minha sogra quis muito ir. E ela tinha razão. A bisteca alla fiorentina, carro-chefe da casa, é uma delícia. Gostei também do nhoque com gorgonzola.
  • Trattoria L'Oriuolo (Via Dell'Oriuolo 58/R) – Perto do Duomo, é um dos poucos locais que ainda serve comida típica fiorentina.
  • Antica Porchetteria Granieri 1916 (Piazza della Stazione, 24) – O pão com porchetta é uma instituição na Itália, e este é um dos lugares que serve a iguaria de forma sublime.
  • Gelateria La Carraia (Via de' Tornabuoni, 16) – Ouso dizer que esta é uma das melhores sorveterias não apenas de Florença, mas de toda a Itália. E olha que a competição é brava, hein. Extremamente cremoso, barato perto dos concorrentes e com sabores de dar água na boca. Pistache, chocolate amargo e bacio (chocolate com nozes) são meus favoritos.
  • Perché no! (Via dei Tavolini, 19r) – Mais uma sorveteria que vale a passagem na cidade. Arrisque o de uva ou o de morango, que são bem saborosos.

Assis

  • Trattoria Da Erminio (Via Montecavallo, 19/a) – Provei aqui um ótimo ragu de carne de porco e vinho com polenta frita. A lasanha com alcachofra, que Dona Maria Luisa pediu, também estava deliciosa.

Roma

  • Trattoria da Enzo al 29 (Via dei Vascellari, 29, Trastevere) – Serve com maestria as típicas massas de Roma, como cacio e pepe, all'amatriciana e carbonara.
  • Ivo a Trastevere (Via di S. Francesco a Ripa, 158, Trastevere) – As paredes desta cantina tradicional ostentam fotos de clientes ilustres, como Pelé, Ronaldo e Sabrina Sato. O dono ama brasileiros, e as massas servidas por lá são ótimas.
  • Osteria Cacio e Pepe (Vicolo del Cinque, 15, Trastevere) – Minha sogra passou na porta deste restaurante e falou: é aqui. Não sei se ela estava com fome ou se tem bom faro, mas o fato é que a casa serve massas frescas e entradinhas típicas romanas deliciosas, como supplì (bolinho frito com várias opções de recheios) e carciofi alla romana (alcachofra deliciosamente preparada).
  • Peppo al Cosimato (Via Natale del Grande, 9, Trastevere) – Entrei por acaso nesta pizzaria, comi bem e fui atendido com extrema gentileza. É boa e barata.
  • Ristorante La Villetta dal 1940 (Viale della Piramide Cestia, 53, Testaccio) – Tem pratos substanciosos, com destaque para o cacio e pepe e o carbonara. Não saia de lá sem comer o tiramisù, que é servido numa cafeteira italiana.
  • All'Antico Vinaio (Piazza della Maddalena, Centro Histórico) – Filial romana da casa de Florença famosa por servir um dos melhores panini do mundo.
  • Hedera (Borgo Pio, 179, Vaticano) – Reza a lenda que este é o gelato (sorvete) preferido do Papa Francisco. Se é verdade ou marketing, não sei, mas que é bom, é.

Onde ficar

Aqui vão algumas sugestões de hotéis que podem ser uados como base no roteiro proposto pela Itália.

Veneza

Florença

Montepulciano

Assis

  • Hotel Sorella Luna – Ocupa uma edificação com revestimento de pedra. Fica pertinho da Basílica de São Francisco.
  • Hotel Il Palazzo – Elegante, bem localizado e com quartos reformados recentemente.
  • Hotel Lieto Soggiorno – Tem acomodações com piso de madeira e ares românticos. Inclui café da manhã.

Roma

  • B&B Arco Del Lauro – Nós testamos e gostamos. Tem quartos aconchegantes e fica muito bem localizado, no bairro de Trastevere.
  • Trevi Palace Luxury Inn – Fica a apenas 50 metros da Fontana di Trevi. É indicado para quem procura uma acomodação autêntica, já que está instalado em uma tradicional villa do século 18.
  • The Major Hotel – Instalado em um edifício histórico com vista para a Basílica de Santa Maria Maggiore, é uma boa opção de hospedagem em Monti. Tem terraço panorâmico e decoração elegante.
  • Portrait Roma - Lungarno Collection – Oferece experiências exclusivas, como tours com especialistas renomados. Fica no Centro Histórico.
  • H10 Palazzo Galla – As acomodações deste hotel no Centro Histórico compartilham um charmoso lounge. Conta com bar, estacionamento privativo e terraço.

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